domingo, 27 de maio de 2018

COMÊNIO (João Amos Komensky 1592-1670) O PAI DA DIDÁTICA


João Amos Komensky, conhecido pelo seu nome latinizado Comenius – que abrasileiramos em Comênio – nasceu em 1592, em Niwnitz, na Moravia vindo a falecer em 1670 em Amsterdã aos 78 anos.

Considerado o pai da didática, Comênio, em sua trajetória publicou em 1616 seu primeiro livro: Gramatica facilioris preacepta (Preceitos para uma gramática facilmente ensinada), em 1630 – Conclui a redação de sua Didática Tcheca, iniciada em 1627 e 1638 – Conclui a Didática Magna (tradução latina da Didática Tcheca) sendo que a partir de 1641 a 1650 – fez viagens com a finalidade de implantar reformas educacionais – Inglaterra, Holanda, Suécia, Hungria.
GASPARIN, salienta em sua escrita  que no contexto histórico da constituição da didática comeniana , “os princípios gerais da didática exprimem o espírito  conservador e renovador do momento” logo, as aulas continuavam expositivas, onde o professor fala e ao aluno cabe ouvir, no entanto “a imitação da natureza, a observação e experimentação”, passam a fazer parte dos “processos das artes mecânicas, os métodos da nova forma de trabalho e da ciência”.
Para Comenio a didática era a prática de educar e oficio de ensinar, sendo entre suas varias produções literárias o desenvolvimento do “livro didático, o “Orbis Sensualim Pictus” (o mundo desenhado), onde através deste  único livro destinado a alfabetização e frases em latim, os alunos pudessem “aprender a ler, escrever e conhecer o mundo a partir da visualização.” Para isto, ele “juntou gravuras, frases simples,  sons e letras”. Praticamente uma cartilha , utilizado nas escolas  por mais de séculos.
         Embora tenhamos uma “distância de mais de 300 anos”, Comênio (João Amos Komensky) apresentava ideias que nos dias de hoje norteiam a educação. Mesmo considerando que “vários elementos não correspondem mais ao nosso contexto, principalmente os aspectos religiosos e as explicações a partir de um certo olhar sobre a natureza” (DOLL e ROSA, 2004, 26-29).
         A Didática Magna (1657), que constituía se como método universal de ensinar tudo a todos, abordava um “conjunto de reflexões e sugestões, desde os objetivos gerais da educação”, “preparação para a vida eterna” “até aspectos concretos do cotidiano escolar, como comportamento do professor em relação aos seus alunos”.  
         Logo, Comenio estava além de seu tempo, com suas idéias que defendiam uma educação igualitária, inclusiva, para homens, mulheres, ricos e pobres, através de uma  pedagogia relacional, construtivista que fundamentava se no entendimento, conservação e práxis, atingindo qualidades de aquisição, virtudes e religiosidades.
         Em nosso cotidiano escolar,  a educação voltada para todos onde conforme índice da Didática Magna, em “IX. Toda a juventude de ambos os sexos deve ser enviada às escolas, X. Nas escolas a educação deve ser universal”, onde se pressupõe um ensino para todos, ricos, pobres, homens, mulheres; a inclusão, tendo uma escola  aberta a convivência, aceitação, respeito perante o outro que consiste em uma realidade garantida por lei através do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) criado no ano de 1990 através da Lei 8.069, a inclusão propriamente dita, ainda nos dias de hoje mesmo com todas a leis que as amparam tem sido debatida, questionada, pois em nossas realidades sabemos que  muitas escolas são excludentes, desde das questões sociais, ate mesmo a questão de logísticas, materiais e espaço adequado para receber este sujeito.
         Ainda neste sentido em “VII. A formação do homem faz-se com muita facilidade na primeira idade, e chego a dizer que não pode fazer-se senão nessa idade.” , reafirmando as concepções atuais em que nesta etapa a criança passa por importantes processos de desenvolvimento, influenciados pelo contexto que se insere. Sendo que, é na infância período pelo qual a criança desenvolve-se e desperta sentidos, a imaginação, capacidade e processos cognitivos.
         No entanto, ao abordar o realismo no ensino na relação escola X aluno, “Comênio acusa as escolas de formarem alunos que normalmente só conseguem repetir nomes e conceitos sem compreenderam do que estão falando”, fato que reincide nos dias de hoje, no entanto sua proposta de experiências e aquisição de aprendizagens por observações tem sido difundido  no modelo construção que almejamos.
         O destaque ao bom relacionamento  que Comênio atribui entre professor e aluno, traz a ideia de uma aprendizagem mutua, através em um ambiente de exploração, de construção,  resultando em descobertas, no entanto ainda nos encontramos engessados a metodologias ultrapassadas, fazendo necessária uma mediação pedagógica para que educadores desenvolvam sensibilidades ética, estética e política em seu cotidiano.

Referência:

COMÉNIO, João Amós. Didácta Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p.

GASPARIN, João Luiz. Comênio ou da arte de ensinar tudo a todos. Campinas: Papirus, 1994. p. 41-42.

NARADOWSKI, Mariano. Comenius & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

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