João Amos Komensky,
conhecido pelo seu nome latinizado Comenius – que abrasileiramos em Comênio –
nasceu em 1592, em Niwnitz, na Moravia vindo a falecer em 1670 em Amsterdã aos
78 anos.
Considerado o pai da
didática, Comênio, em sua trajetória publicou em 1616 seu primeiro livro: Gramatica
facilioris preacepta (Preceitos para uma gramática facilmente ensinada),
em 1630 – Conclui a redação de sua Didática Tcheca,
iniciada em 1627 e 1638 – Conclui a Didática Magna (tradução
latina da Didática Tcheca) sendo que a partir de 1641 a 1650 – fez
viagens com a finalidade de implantar reformas educacionais – Inglaterra,
Holanda, Suécia, Hungria.
GASPARIN, salienta em sua escrita que no contexto histórico
da constituição da didática comeniana , “os princípios gerais da didática
exprimem o espírito conservador e renovador do momento” logo, as
aulas continuavam expositivas, onde o professor fala e ao aluno cabe ouvir, no
entanto “a imitação da natureza, a observação e experimentação”, passam a fazer
parte dos “processos das artes mecânicas, os métodos da nova forma de trabalho
e da ciência”.
Para Comenio a didática era a prática de educar e oficio de ensinar,
sendo entre suas varias produções literárias o desenvolvimento do “livro
didático, o “Orbis Sensualim Pictus” (o mundo desenhado), onde através
deste único livro destinado a alfabetização e frases em latim, os
alunos pudessem “aprender a ler, escrever e conhecer o mundo a partir da
visualização.” Para isto, ele “juntou gravuras, frases simples, sons
e letras”. Praticamente uma cartilha , utilizado nas escolas por
mais de séculos.
Embora tenhamos uma “distância de mais de 300 anos”, Comênio (João
Amos Komensky) apresentava ideias que nos dias de hoje norteiam a educação.
Mesmo considerando que “vários elementos não correspondem mais ao nosso
contexto, principalmente os aspectos religiosos e as explicações a partir de um
certo olhar sobre a natureza” (DOLL e ROSA, 2004, 26-29).
A
Didática Magna (1657), que constituía se como método universal de ensinar tudo
a todos, abordava um “conjunto de reflexões e sugestões, desde os objetivos
gerais da educação”, “preparação para a vida eterna” “até aspectos concretos do
cotidiano escolar, como comportamento do professor em relação aos seus
alunos”.
Logo,
Comenio estava além de seu tempo, com suas idéias que defendiam uma educação
igualitária, inclusiva, para homens, mulheres, ricos e pobres, através de
uma pedagogia relacional, construtivista que fundamentava se no
entendimento, conservação e práxis, atingindo qualidades de aquisição, virtudes
e religiosidades.
Em
nosso cotidiano escolar, a educação voltada para todos onde conforme
índice da Didática Magna, em “IX. Toda a juventude de ambos os sexos deve ser
enviada às escolas, X. Nas escolas a educação deve ser universal”, onde se
pressupõe um ensino para todos, ricos, pobres, homens, mulheres; a inclusão,
tendo uma escola aberta a convivência, aceitação, respeito perante o
outro que consiste em uma realidade garantida por lei através do Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) criado no ano de 1990 através da
Lei 8.069, a inclusão propriamente dita, ainda nos dias de hoje mesmo
com todas a leis que as amparam tem sido debatida, questionada, pois em nossas
realidades sabemos que muitas escolas são excludentes, desde das
questões sociais, ate mesmo a questão de logísticas, materiais e espaço
adequado para receber este sujeito.
Ainda
neste sentido em “VII. A formação do homem faz-se com muita facilidade na
primeira idade, e chego a dizer que não pode fazer-se senão nessa idade.” ,
reafirmando as concepções atuais em que nesta etapa a criança passa por
importantes processos de desenvolvimento, influenciados pelo contexto que se insere.
Sendo que, é na infância período pelo qual a criança desenvolve-se e desperta
sentidos, a imaginação, capacidade e processos cognitivos.
No
entanto, ao abordar o realismo no ensino na relação escola X aluno, “Comênio
acusa as escolas de formarem alunos que normalmente só conseguem repetir nomes
e conceitos sem compreenderam do que estão falando”, fato que reincide nos dias
de hoje, no entanto sua proposta de experiências e aquisição de aprendizagens
por observações tem sido difundido no modelo construção que
almejamos.
O
destaque ao bom relacionamento que Comênio atribui entre professor e
aluno, traz a ideia de uma aprendizagem mutua, através em um ambiente de
exploração, de construção, resultando em descobertas, no entanto
ainda nos encontramos engessados a metodologias ultrapassadas, fazendo
necessária uma mediação pedagógica para que educadores desenvolvam
sensibilidades ética, estética e política em seu cotidiano.
Referência:
COMÉNIO, João Amós. Didácta
Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p.
GASPARIN,
João Luiz. Comênio ou da arte de ensinar
tudo a todos. Campinas: Papirus, 1994. p. 41-42.
NARADOWSKI, Mariano. Comenius
& a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.