sábado, 14 de abril de 2018

ANÁLISE DO CURTA “ESCOLAS DEMOCRÁTICAS”




O curta Escolas Democráticas desenha a realidade escolar presente em muitas de nossas instituições. Escolas caixas, alunos passivos, currículo fechado, professores autoritários, aprendizagem distante da prática, pedagogia diretiva, educação bancária no qual conteúdos são absorvidos e esquecidos por não serem significativos nas vivências da comunidade discente.
O documentário reproduz o inverso do que vislumbramos de escolas  democráticas, claramente observados nas metodologias, avaliação e tecnologias denotadas, abordando uma gestão pouco atuante.

1        CURRÍCULO

Considerando currículo como construção, cujos processos de produção, transmissão e assimilação compõem uma metodologia de conhecimento.
O curta apresenta;
“Um currículo no qual a construção de sua subjetividade, [...] subordina-se à aprendizagem de alguns conteúdos, apresentados como entidades objetivas, estáveis, sem história e descontextualizadas.”  (HERNÁNDEZ, 1998, p. 19)

1.1  METODOLOGIA

A metodologia adotada no curta é claramente o ensino tradicional uma pedagogia diretiva, caracterizada pela transmissão, recepção e reprodução dos conhecimentos. Longe de um método globalizador em que as disciplinas são apresentadas de forma global, proporcionando ao aluno, meios de alcançar o conhecimento conforme sua realidade.
Na pedagogia diretiva, conforme Becker; “O professor considera que seu aluno é tabula rasa não somente quando ele nasceu como ser humano, mas frente a cada novo conteúdo estocado na sua grade curricular, ou nas gavetas de sua disciplina.” (1994, p.90)
Nesta perspectiva, segundo Becker ( 1994, p. 90)
[...] esta pedagogia, legitimada pela epistemologia empirista, configura o próprio quadro da reprodução da ideologia; reprodução do autoritarismo, da coação, da heteronomia, da subserviência, do silêncio, da morte da crítica, da criatividade, da curiosidade.

1.2  AVALIAÇÃO

Ao se referir de avaliação a serviço de quem aprende, Mendez afirma que;

[...] avaliamos para conhecer, com o objetivo fundamental de assegurar o progresso formativo dos que participam do processo educativo – principal e imediatamente de quem aprende, bem com de quem ensina. ( 2002, p. 82)

  No entanto, o vídeo aborda a avaliação/prova como um “instrumento de seleção e de exclusão”, não constituindo uma oportunidade para o aluno demonstrar o que realmente sabe. Além desta percepção,  o professor, que no vídeo exerce o papel de avaliador, limita-se a ensinar e desconsidera os ensinamentos que o aluno traz consigo.

1.3  TECNOLOGIA
A escola, objeto de análise aponta uma negação das possibilidades de passar de um modelo empirista para um paradigma construtivista, sendo que,  por parte docente é preciso conhecer melhor as condições de desenvolvimento e aprender a favorecer, em vez de tentar combater os aparatos tecnológicos no espaço escolar.
Comprovadamente, vivemos um processo de rápidas transformações, principalmente com os avanços nos meios de comunicação e da Informática. Estas mudanças, [...] conduz a considerar a sala de aula como um cenário com uma cultura própria (mas não única). Cultura que se vai definindo mediante as diferentes formas do discurso que se desenvolvem e se encenam nas situações de aula. (HERNÁDEZ, 1998, p. 32)
Nesse contexto, o uso das tecnologias através de experiências em aprendizagens por projetos, conduz o aluno a ser um agente e o professor estimulador/orientador  respeitando a realidade da vida do aluno e as curiosidades, desejo, vontade do aprendiz.

“A Informática e a Telemática podem ajudar a enriquecer os ambientes de aprendizagem, podem ampliar os espaços das salas de aula, podem vencer as barreiras do tempo, podem servir como “próteses” cognitivas, podem ajudar a ampliar os processos socioafetivos e a conscientização, podem ajudar a atender os aprendizes como verdadeiros sujeitos de sua aprendizagem, podem assegurar a intercomunicação coletiva, podem ajudar a criar comunidades de aprendizagem desenvolvimento.”  (FAGUNDES, SATO e MAÇADA., 1999, p. 14)

2        GESTÃO

Nas palavras de Oliveira, Moraes e Dourado, os objetivos da organização escolar é o “cumprimento de sua função de socialização do conhecimento historicamente produzido e acumulado pela humanidade” e “a escola , enquanto instituição social, é parte constituinte e constitutiva da sociedade na qual esta inserida.”
Portanto, a escola para colocar em prática esses objetivos, necessita de uma gestão para a tomada de decisões e a direção e controle dessas decisões.

"As concepções de gestão escolar refletem diferentes posições políticas e concepções do papel da escola e da formação humana na sociedade. Portanto, o modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um caráter pedagógico, ou seja, depende de objetivos mais amplos sobre a relação da escola com a conservação ou transformação social" (LIBÂNEO 2013, p.105).

No vídeo, o modelo educacional abordado retrata uma prática política não participativa, que conforme Libâneo trata-se de uma a concepção em relação às finalidades sociais e políticas da educação, científico raciona,l no qual;

[...] prevalece uma visão mais burocrática e tecnicista de escola. A escola é tomada como uma realidade objetiva e neutra, que deve funcionar racionalmente e, por isso, pode ser planejada, organizada e controlada, de modo a alcançar melhores índices de eficiência e eficácia. As escolas que operam nesse modelo dão forte peso à estrutura organizacional, à definição rigorosa de cargos e funções, à hierarquia de funções, às normas e regulamentos, à direção centralizada e ao planejamento com pouca participação das pessoas. [...]  A técnico científica que se baseia na hierarquia de cargos e funções, nas regras e procedimentos administrativos, visando à racionalização do trabalho e a eficiência dos serviços escolares (2013, p. 102-103).



3        REFERÊNCIAS

BEKCER, Fernando. “Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos” EDUCAÇÃO E REALIDADE, Porto Idioma, a 19 (1): 89 – 96 jan/jun. 1994 disponível em < https://pt.scribd.com/document/260250772/BECKER-Fernando-Modelos-pedagogicos-e-modelos-epistemologicos-2-pdf > acesso em março 2018.

FAGUNDES, L. C.; SATO, L. S.; MAÇADA, D. L. (1999) "Aprendizes do futuro: as inovações começaram!". Brasília: MEC.

HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho / Fernando Hernández; tradução Jussara Haubert Rodrigues. In: Um mapa para iniciar um percurso – Porto Alegre : Artmed, 1998. p. 15 – 37

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática; 6ª edição, São Paulo, Heccus Editora 2013

MENDES, Juan M. Á. Avaliar para Conhecer, Examinar para Excluir In: A Avaliação como atividade crítica do conhecimento – Porto Alegre : Artmed, 2002.  p. 81 – 89

OLIVEIRA, J. F. ; MORAIS, K. N. M.; DOURADO, L. F.. Organização de educação escolar no Brasil na perspectiva da gestão democrática: sistemas de ensino, órgãos deliberativos e executivos, regime de colaboração, programas, projetos e ações. disponível em < http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4-sala_politica_gestao_escolar/pdf/texto2_2.pdf > acesso em março 2018.

Um comentário:

  1. Olá, Luciana. Relate,brevemente, em que aspectos a sua escola apresenta uma pedagogia diretiva, não-diretiva e relacional

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