Ao ler o texto de Raquel Vidigal, cujo
tema é Dependência emocional: é preciso o outro para ser feliz? , fiz uma ligação
com o material até então estudado na disciplina de psicologia onde fomos
questionados sobre qual seria as repercussões para a vida adulta do sujeito com
fixação em uma das fases do
desenvolvimento psicossexual.
"...A palavra dependência nos sugere uma ideia sobre a
necessidade extrema, o não controle frente a uma situação física ou de um
desejo ou vicio. Usamos com frequência este termo para explicar a intensidade e
o uso de recursos químicos como álcool, cocaína, maconha, cigarro, remédios, a
dependência química. Já a palavra emocional apesar de nos fazer pensar em
inúmeras situações ou propostas, vem da ideia do sentimento e estrutura
psíquica de uma pessoa. Logo quando falamos de uma dependência emocional
estamos ligando estas duas analises e esse entendimento. Isso é muito
importante para que possamos diferenciar as situações de cada história ou
pessoa e não sairmos por aí usando termos, conceitos ou nomes técnicos para
explicar o cotidiano ou transformar pequenas situações em diagnósticos.
Vamos partir de um pensamento psicanalítico de que
todo ser humano, em sua essência depende de um outro. A fase que mais vivemos
ou que mais fica clara esta dependência acontece na infância (desde
nascimento). Neste período somos dependentes fisicamente e também
emocionalmente. Existem estudos que apontam para o fato de que nascemos com
algum conteúdo pré psíquico emocional, mas todos os demais estudos que analisam
o desenvolvimento humano nos mostram que nossas estruturas psíquicas e
emocionais serão direcionadas fortemente ou mesmo construídas e criadas
conforme o que o meio irá nos ensinar. Assim há que se considerar que o ser
humano é um ser dependente por natureza e mesmo com suas conquistas e
necessidades de independência, por auto capacidade, por se reconhecer como
único e por aprender a lidar com seu EU, ele tende, inconscientemente, a
repetir relações (com pessoas ou objetos como carros, roupas, viagens,
trabalho, lazeres, equipamentos tecnológicos, internet...) que proponham entrar
em contato com sua dependência de algo ou alguém.
Mas e a dependência emocional, o que ela quer dizer
então?
Neste caso estamos dizendo ou entendendo que alguém
possui uma dependência afetiva por alguém ou algo e que aquela pessoa apresenta
características de uma necessidade extrema por este meio desejado ou visto como
fonte intensa de seu prazer. É importante observar que esta necessidade irá
gerar atitudes extremas e exageradas. A pessoa demonstrará um forte desejo, mas
na linha do inadequado e não se trata de uma paixão, pois o que vai chamar a
atenção será algo além como: muita agonia e esforço para estar junto, medo ou
ansiedade quando longe. Além disso, é possível perceber uma dificuldades de
raciocínio lógico ou de bom senso, para diferenciar o que tende a ser exagero
ou não, alterações emocionais, interferência em seus hábitos e condições de
vida, deixando amigos ou familiares de lado
A pessoa também sente que não consegue viver ou ser
feliz ou estar bem se não for naquela condição, com aquela pessoa, naquele
lugar, naquele trabalho, daquela forma, fazendo tal coisa. É muito comum
associarem a dependência emocional somente as relações amorosas ou fraternas,
mas uma dependência emocional não é restrita somente a relação com pessoas. Há
quem seja dependente emocionalmente de um hábito, de uma ideia, de um
movimento, como por viagem, trabalho, estudo, religião, academia.

A dependência
emocional parte de uma carência afetiva, ou seja, uma necessidade daquela
pessoa de atender um desejo seu e ela tenta encontrar e manter tal satisfação
naquela relação, sendo um namoro ou mesmo por comida. Sim para cada uma destas
dependências é comum haver um nome técnico para um diagnostico, mas o que aqui
estou propondo a pensar é que todos estes partem do mesmo ponto, a dependência
afetiva de seu EU. E que todos temos em nossa história nosso ponto mais frágil
que recorre a alguma mania ou apego, para satisfazer a si mesmo e para isso
precisamos do outro ou de um meio, logo somos todos dependentes de alguma
forma. Mas somente um histórico exagerado e com condições prejudiciais é que
merece atenção profissional e acompanhamento.
Outro ponto válido a trazer aqui, é a existência dos
codependentes, ou seja, quando aquele que convive junto é afetado e tende a
sofrer em conjunto e acaba sendo controlado ou manipulado pela condição gerada
por aquela dependência extrema. Podendo prejudicar aqueles com quem convivem e
até mesmo seu foco de desejo emocional.
Autoconhecimento
Não há como saber se seremos dependentes (da forma
exagerada) ou não e nem mesmo sair avaliando as pessoas a nossa volta por um ou
dois pontos que elas apresentam, mas podemos tentar cuidar ou até prevenir as
intensidades da vida. Buscando formas de entrar em contato consigo mesmo e
conhecer mais a seu respeito, sua historia, seus sentimentos, encontrando dentro
de si valor próprio que merece ser reconhecido e usado como fonte de prazer,
assim como também reconhecer suas limitações, pontos frágeis e dificuldades
emocionais, para poder pensar a respeito.
A análise ou uma terapia parecem sim ser um bom lugar
para poder cuidar destes aspectos, visto que aqui estamos considerando a ordem
emocional. O amadurecimento psíquico depende de alguns fatores e envolve não
somente um querer ou não querer, é preciso compreensão de si, do outro, do
meio, do todo, do que se sente, do que provoca e do que posso fazer com isso
tudo que ao longo do amadurecimento vamos percebendo. Uma análise ou uma
terapia não pode jamais prometer que irá curar ou eliminar tal sintoma ou tal
quadro, mas pode oferecer através de um autoconhecimento algumas possibilidades
mais saudáveis ou que gerem menos prejuízo e talvez maior sensação de bem estar
e equilíbrio emocional."
Disponível em: http://www.msn.com/pt-br/saude/relationships/depend%C3%AAncia-emocional-%C3%A9-preciso-o-outro-para-ser-feliz/ar-CC2B6m?li=AAaB4xI&ocid=mailsignoutmd - 18_11_2015
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